sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Compreensão inquietante.

Bobo como deve ser. Lindo como se faz crer. Sem verbos, é um substantivo alado. Saberia melhor entender se o visse. Mas se fecho os olhos, o sinto.
Sobrevoar a realidade com a alma sublime do amor é contemplar sua real existência: a materialização do abstrato mundo sensível, que capta as melhores vibrações e as transforma em obra-prima, sendo dotada da mais pura aura que vigora através dos tempos... Pois dos poetas o Amor se vale, para que seja mantido o futuro desfrute das palavras que acalentam o inexplicável.
É complexo, é infinito, simplesmente é. Nas formas, a música altera o ritmo, a dança o passo, a pintura a tela. Do ardor dos frígidos ao furor dos pacíficos, não o saberíamos entender. Pois movem-se multidões, destroem-se reinos e plantam-se pedras no seu lugar.
O mais contundente conceito gerou horror. A mais harmoniosa expressão causou o Amor. A dose certa, na hora exata, levou à chuva o rio, ao afluente o lago, ao oceano o mar. Essa é a visão que daqui vejo: uma infinita obra-prima que brilha diante de meu pensamento.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Insomnia n° 100.809

Não adianta. Hoje nada me aflige. Apenas penso. Pensar me faz homem, me faz gente. Com o pensamento sofro, porque nele existo. Pesar? Pensar? São muito parecidos.

Desde a hora que se foi junto ao som do relógio contíguo, deixo acordada minha mente. É essa a hora exata da minha lentidão humana: paro e penso. Sei que de nada adianta pensar sem fins lucrativos. Mas penso. Sou a vida mundana acordada num momento, e esse é o momento da vida humana mais feliz, mais incrédula de que tudo existe. Pensar é uma dádiva; sofrer, uma bênção aos que pensam. Imagine-se dentro de um poço infinitamente fundo, aonde nada há senão você. O escuro, a lentidão e o vácuo criado pela falta de pensamentos o fazem sofrer. Sem eles, você seria apenas um monte de carne jogada em um buraco. Com eles, um monte de idéias incríveis. Como sair daqui? Que existe naquela luz? Como vim parar aqui? Quem inventou essa história pra me fazer agoniar em sofrimento? Posso eu reinventar essa história e descobrir o que de melhor existe longe desse sofrimento? É isso. Esta é a verdadeira razão do agora.

O momento que se passa é o momento de idéias incríveis. Ainda que longe da luz do poço ou mesmo do próprio poço, eu me vejo pensando. Sim, a visão do pensamento nos faz sofrer em alegria, pois com ela eu consigo atravessar qualquer infinito que me cubra de sombras, ou qualquer vácuo que me asfixie as idéias. Penso para que um mundo exista, sem ele não seria o que sofro. Se sofri um dia, é porque pensei. Se continuo a sofrer, é que da alegria do pensamento nato tenho o que me faz preciso: o instante de viver.