terça-feira, 30 de junho de 2009

Insomnia nº 300.609

Acontece que o sono me falta. Novamente. E junto nesse vácuo encontram-se diversas outras espécies de desejos e pensamentos que me atormentam. Não consigo deixar de me entregar a eles, e neles me afogo. Num impulso contínuo sou jogado ao fundo de um poço pronto para encontrar o fim do mundo, perdido no vale da insônia. Idéias, das mais sórdidas às mais perfeitas, me assombram e eu posso finalmente encontrar a razão para chorar junto à dor.

Uma dor branda, que canta ao som de uma banda e dança com meus olhos, que vibram a cada nova idéia surgida nesse turbilhão de possibilidades que arrombam o valo junto ao sono.

Ninguém conhece a verdadeira realidade escondida nesse mundo. A sombra é mais que a ausência de uma luz qualquer, pronta a enveredar pela alma e a causar a morte do corpo. Porque é a alma a atriz pornô que se desfaz em pedaços, é ela que consegue começar o orgasmo maior só com o sibilar de palavras soturnas. Impotentes, ficamos a admirá-la, solta e leve num marasmo de sabedoria superior às nossas próprias vidas.

Sobre a imensidão de coisas que agora vejo estão as mais importantes, um sono que eu deveria ter e uma solidão que pede por minha paz. Sem qualquer movimento eu deixo que ela se sublime, que torne minha escravidão humana em uma verdadeira caminhada ao Altar dos Deuses. Jogo-me contra as tradições, vibro ao admirar a beleza da exatidão cósmica que nos faz pura e simples fração de um momento incerto, capaz de destruir um átomo e quebrá-lo em partes ainda impossíveis de se ver. Que será que me aguarda nesse Novo Mundo? Qual saber necessito para burlar as regras de minha ignorância, para que eu finalmente encontre a Mãe que me tanto faz nascer?

Sorte daqueles que dormem, que respiram o ar que eu deixo de ter. Amo àqueles que deixei em casa, cobertos da frieza que agora enfrento, um frio que se faz pela morte das moléculas de vida que deixei em meu corpo ruminante, impuro e imundo nesse Mundo no qual faço uma mera atuação estatística. Sou mais o sopro de um vento cataclísmico que a própria carne a apodrecer a cada instante. Em calmaria os dias se vão, atentos ao meu piscar, atentos a cada pensamento vão que se passa em minha mente, sábios e certos de que nada parará esse instante...

Passou. Não sei como, mas eu um dia entrarei no Mundo dos que me deixaram por minh’alma ao relento vácuo do Saber, na fúria de não poder dormir o sono dos verdadeiros seres abençoados.