terça-feira, 5 de março de 2013

Sueno

Não tenho o que dizer... é esse o problema, contudo, que me impele a deitar tranquilo. Sinto a noite calma, o vento agradável, a luz apagada. Mas não, não há condição favorável ao meu sono que me impeça de vir aqui escrever... não sei o que, não sei por que, não sei por onde.
O que preciso é acordar o sono e dormir o cérebro, distante de qualquer descanso ele insiste em me trazer pra cá. Mas é assim que funciona: a insônia não tem hora pra acontecer, exceto quando você pretende dormir. Se bem que ouço música agora e, confesso, o estímulo não está ajudando o pobre pensador encefálico.
Um turbilhão de idéias surgem enquanto eu tento fugir delas, buscando apenas a resignação completa ao que  se me faz inteligível... talvez... talvez eu possa acordar de manhã acreditando que isso é um sonho, ou um pesadelo, por acreditar que estou acordado tentando dormir.
Sei que não - já me belisquei algumas vezes para ver se acordava, e só sinto a dor da insônia marcando o ponto onde pressionei.
Mas que fazer se não tenho o que escrever? Escrevo apenas o suficiente para ler enquanto espero o sono... Ah, o sono! Por que é tão difícil sonar com sonho° Talvez neologismos explicassem assim como explicariam minha dificuldade em encontrar as teclas no escuro... Nem interrogar mais eu sei quando o sono me falta. Nem sequer explicar minha insensatez é possível ao esperar ele chegar. Está bem, eu sei... o sono é o elixir da alma, rejuvenesce nosso pensar e nos dá a chance de revigorar o espírito, pois recria todo nosso dia de maneiras muito intrínsecas ao inverso dessa vontade de dormir... É a vontade de acordar, acordar pra uma realidade paralela onde tudo pode fazer sentido mesmo sem ter sentido algum. É o sonho que nos transporta ao passo além do físico, ao mundano foço das loucuras nossas.
Então, de tanto pensar em não dormir, os olhos começam a cansar... a arder, implorando que eu deixe essa luz fosca e entre nos mais profundos recifes da vida que está além dos acordados, como yo. ¡Buenas noches! Acho que já comecei a sonhar...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

19.02.13


Gostar sem contexto é o mesmo de desgostar. Por que você me ama se eu não te conheço? Que motivos eu tenho pra te amar? São apenas curtições a esmo, sei bem...
Sempre que a sociedade nos oprime em seus meios, nos conforma em suas feições e nos ilude em seus erros, criamos válvulas de escape para transformar nossas verdadeiras opiniões em recalques que devem ser vistos por todos. Enfrentar a realidade de uma crua opinião fundamentada em argumentos válidos é muito mais difícil. Sobreviver ao acúmulo de informação desencontrada parece ser a única saída quando o que se tem pra hoje é o esgoto, onde tudo que eu descargo serve pra satisfação alheia de um like qualquer... A busca pela satisfação se faz pelo consumo, seja lá qual for, de uma verdade oprimida em imagens, tons e ruídos que se transformam em gostar, sentir, xingar, amar. Verbos que desfalecem o sabor da vida mundana, aquela que todos têm, mas, por medo de abraça-la e reconhece-la, preferem recapeá-la através de uma face inédita no meio do livro da salvação.
Somos vítimas de um bombardeio diário da busca por uma vida feliz, saudável e voraz que deve e necessita ser vivida intensamente. A melhor forma de condizermos com as imposições do mercado é abraçarmos as ferramentas que nos são dadas de graça – sejam elas saudáveis aos outros ou não. Alvejar o vidro do vizinho, delatar os erros alheios, oprimir usurpando a verdade ou mesmo a comprando, são apenas exemplos de um arsenal de possibilidades para transformar o dia-a-dia mais fácil, mais feliz. Sou feliz por usufruir dos benefícios dessa vida digital!
A felicidade está no gostar longe de mim. Não gosto de gostar sem motivo, de receber sem carinho ou afeição. Prefiro o paladar do real, do que discute, que dialoga. Evitar palavras por gostar demais, é furada. Contornar afetos em atalhos mal resolvidos, um descuido. Pra ser eu mesmo, só gostando de mim assim.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Soneto desmerecido

É uma tragédia desvairada
A sensação desmerecida
De um cutucão na multidão
Pedindo mais que poderia

Tentando a sorte, quase nada
Conseguiria aquele dia
Queria mesmo uma saída,
Somente nua a conhecia...

E foi num momento incerto
Um desatino santo
Tocou em mais que poderia

Desmereceu o tato
Ensurdeceu o canto
Apaixonou um tanto.